Comitiva da UAlg e do CCMAR visitou Angola no âmbito de vários projetos de investigação
Nos dias 6 e 7 de dezembro realizou-se a conferência internacional “Marine Biodiversity and Quality of Life” no âmbito do projeto LUANDA WATERFRONT, coordenado pelo CCMAR/UAlg, que agregou mais de 50 pessoas, com representantes de diferentes instituições angolanas e portuguesas na análise e discussão dos resultados obtidos e indicações de soluções para a melhoria da qualidade da Baia de Luanda, de forma inclusiva. O Ministério das Pescas e Recursos Biológicos, fez-se representar pela ministra Carmen Sacramento Neto, e o Ministério do Ambiente e Recursos Minerais, Petróleo e Gás pelo secretário de Estado. Estiveram ainda presentes vários outros representantes das autoridades locais: Governo Provincial de Luanda, Comissão Administrativa de Luanda, Administração da Ilha de Luanda, Capitania de Luanda e Marinha de Guerra, Comissão de moradores da Ilha de Luanda, Associação de Pescadores, ONG e Sociedade Civil. Docentes, investigadores e estudantes finalistas de instituições científicas e académicas (Universidade do Algarve/ Centro de Ciências do Mar, Universidade Agostinho Neto, do Instituto de Investigação Pesqueira e Marinha, e da Universidade do Namibe) apresentaram aos diferentes utilizadores do ecossistema da Baía de Luanda, os resultados de quatro anos de projeto, onde se salientaram as ameaças, mas também as soluções de base natural para a recuperação da saúde do ecossistema.
O Modelo hidrodinâmico desenvolvido para testar soluções que aumentassem a robustez da Baia de Luanda aos impactos antropogénicos, revelou que é possível através da redução do tempo de residência dos atuais 30 dias (ou superior) para 10 dias, e aumento da velocidade das correntes, na zona interior, reabrindo uma abertura subterrânea com cerca de 40 metros de largura, 2 metros de profundidade, numa zona da ilha onde já existiu uma barra natural. Tal aumentará a capacidade de renovação da água na baia e auxiliará com propágulos da laguna do Mussulo a restauração das pradarias marinhas. Desta forma, a eutrofização será reduzida e os blooms tóxicos atenuados, sem comprometer o recrutamento de bivalves, como a Mabanga na Baia, utilizado como pesca de subsistência entre muitas comunidades locais. A qualidade de vida melhorará sem a contaminação de recursos marinhos, sendo que a saúde das pessoas e do ecossistema da Baia de Luanda tem grande potencial para melhorar.
A sustentabilidade futura desta área de investigação em Angola estará assegurada pelos resultados da tarefa de capacitação das instituições angolanas envolvidas, levada a cabo por vários cursos online e presenciais, que ocorreram durante o projeto LuandaWaterfront, da responsabilidade de docentes e investigadores da Universidade do Algarve/CCMAR/CIMA, que marcaram presença no evento: Alexandra Teodósio (IP), Vânia Baptista, Ester Serrão e Teresa Borges, e muitos outros que contribuíram durante o decurso do projeto, mesmo a distância. Este projeto estabeleceu as bases para o desenvolvimento do programa de doutoramento em Ciências do Mar e do Ambiente (CMARA) na Universidade Agostinho Neto. em parceria com a UAlg (projeto aprovado pela Expertise France e AO-UNI, em abril de 2022) e para o estabelecimento de uma parceria com o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, para a criação de uma UI&D na área das ciências do mar em África (CCEMAR), na Universidade do Namibe.
Durante este evento foram também apresentadas outras possibilidades de capacitação avançada na UAlg e em instituições de ensino portuguesas parceiras, através do projeto MARAFRICA da FCT/AKN, nomeadamente o mestrado profissional em Biodiversidade, Pescas e Conservação Marinhas, ou o Consórcio de Escolas do Mar (CEMAR), financiado pelo Centro Ciência em Língua Portuguesa (LP-UNESCO) e FCT, para o desenvolvimento de teses de doutoramento que respondam aos problemas atuais do crescimento azul e qualidade ambiental em África e Timor-Leste.
Posteriormente ao evento em Luanda, a equipa da UAlg deslocou-se à Universidade do Namibe, onde para além de um curso de Ecologia de Costas Rochosas entre a corrente de Benguela e o deserto (Projeto BLUE ROUTE- EEA Grants -DGM), com cerca de 10 estudantes, foi também analisado com a nova equipa reitoral desta Universidade o projeto UAlg Alliances (Erasmus+) e o desenvolvimento da capacitação a distância através dos projetos BLUE ROUTE e SUSTAINABLE HORIZONS-SHEs (União Europeia), nos quais esta instituição angolana é parceiro associado.