Agregar informação e conhecimento oceanográfico da região costeira

Flávio Martins é investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) e integra um consórcio que está a desenvolver um Observatório Costeiro Ambiental do Sudoeste da Península Ibérica - OCASO, cujo principal objetivo é a criação de um observatório oceanográfico na região Sudoeste da Península Ibérica.

Proteger a Vida MarinhaÁgua Potável e Saneamento
 

Como se poderá efetuar uma exploração mais eficiente, sustentável e inclusiva dos recursos marinhos costeiros à escala global? Flávio Martins é investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) e integra um consórcio que está a desenvolver um Observatório Costeiro Ambiental do Sudoeste da Península Ibérica - OCASO, cujo principal objetivo é a criação de um observatório oceanográfico na região Sudoeste da Península Ibérica.

Trata-se de um projeto transfronteiriço entre Portugal e Espanha que, além da Universidade do Algarve, tem como parceiros a Universidade de Cadiz, que lidera, o Instituto Hidrográfico de Portugal, os Puertos del Estado e o Instituto Espanhol de Oceanografia.

Se é verdade que muitos investigadores defendem que se conhece melhor a lua do que o fundo do oceano, também é um facto que a economia azul movimenta anualmente na Europa mais de 500 mil milhões de euros e emprega cerca de 3,5 milhões de pessoas.

Similarmente, é ainda fácil de constatar que a Previsão Meteorológica, usando modelos, existe desde 1960, mas a Previsão Oceânica está ainda na sua infância.

A importância do OCASO prende-se com a capacidade de agregar a informação e o conhecimento oceanográfico desta região costeira. As observações provêm de diversas plataformas geridas pelos parceiros, nomeadamente boias fixas, dados de radares de alta frequência e dados de campanhas oceanográficas, dos quais se destacam os obtidos com recurso a veículos autónomos submarinos como é o caso do operado pela Universidade do Algarve.

Para além dos dados de observações, o consórcio gere um conjunto de modelos numéricos que fornece informação mais detalhada, possuindo ainda capacidade de previsão. Neste âmbito, refere o investigador, "a Universidade do Algarve contribui com o sistema SOMA que é o modelo operacional da Costa do Algarve". Este modelo, explica, "é executado todos os dias nos servidores da Universidade, fornecendo previsões a três dias das variáveis oceanográficas da região".

Os dados das observações e das previsões são integrados numa plataforma de visualização que se encontra acessível a todo o público. Esta informação permite que as empresas da economia do mar possam melhorar o seu desempenho, permitindo ainda garantir uma melhoria do ambiente marítimo e da segurança das operações.

Em todo o mundo, as atividades marítimas baseiam as suas decisões mais em previsões meteorológicas do que em previsões oceanográficas, pelo simples facto de estas não existirem ou não estarem disponíveis. Esse facto não permite à humanidade retirar o máximo partido dos recursos marinhos, maximizar a segurança no uso do mar e garantir a qualidade do ambiente marinho.

A observação do oceano é de tal forma complexa, arriscada e dispendiosa que só uma coordenação de observatórios locais e regionais poderá fornecer uma resposta adequada, gerando melhorias globais no conhecimento.

"A informação e o conhecimento produzidos no OCASO permitirão delinear estratégias de atividade no meio marinho que sejam sustentáveis e que permitam salvaguardar o ambiente marinho, preservando os ecossistemas e a qualidade da água", acrescenta Flávio Martins.  "Os dados armazenados permitem também um melhor conhecimento da evolução do clima, contribuindo para a definição de estratégias de adaptação às alterações climáticas, apoiando políticas de desenvolvimento sustentáveis e resilientes", conclui o investigador. Este projeto enquadra-se assim nos objetivos 14, "Proteger a Vida Marinha", e 13, "Ação Climática".

Flávio Martins

Flávio Martins é Licenciado em Engenharia Mecânica, Mestre em Engenharia Mecânica, Doutorado em Engenharia Mecânica e investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve.