Aproveitar a afinidade entre o Homem e a Natureza para criar ambientes naturais

Como melhorar a vida no espaço urbano num ambiente em mudança através do desenho biofílico? Para dar resposta a esta questão Thomas Panagopoulos, investigador do Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-estar (CinTurs) da Universidade do Algarve, coordena o projeto BIODES, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Este projeto tem como objetivo demonstrar em cidades “pioneiras”, que funcionarão como “laboratórios vivos”, Soluções Baseadas na Natureza (NBS), inovadoras e replicáveis, que depois de testadas serão introduzidas ao nível das propostas de planeamento de outras cidades.
“O design biofílico é uma forma inovadora de aproveitar a afinidade entre o Homem e a Natureza para criar ambientes naturais onde se possa viver, trabalhar e aprender, ou seja, são utilizadas Soluções Baseadas na Natureza para mitigar os impactos das alterações climáticas, inserindo a natureza no espaço urbano para melhorar o bem-estar das comunidades”, explica o investigador.
As cidades de Faro e Elvas serão as áreas-piloto, que pretendem representar cidades de diferentes tamanhos e estruturas e que apresentam condições socioeconómicas diferentes, onde o desenho biofílico está a ser testado. Na intervenção de Faro, pretende-se melhorar a acessibilidade e, através do desenho biofílico, proporcionar às crianças com deficiências oportunidades de contacto com a natureza e aprendizagem. Em Elvas, depois de consultar os principais atores locais, decidiu aplicar-se o caso de uma horta urbana no Agrupamento de Escolas de Vila Boim.
Nas duas situações envolveram-se ativamente as populações desde o início do projeto, através de entrevistas aos atores principais. Nas demonstrações do desenho biofílico contou-se com a participação das próprias crianças, que serão os beneficiários diretos, além dos professores, pais, entidades locais e a própria Academia.
Segundo Thomas Panagopoulos, “a urbanização representa um dos desafios do século XXI, especialmente numa fase em que uma percentagem cada vez mais significativa da população vive em zonas urbanas”.
Em 2050, estima-se que 75% da população mundial irá ser urbana, mas pode facilmente constatar-se que os espaços verdes não estão a crescer proporcionalmente, tendo como consequência uma diminuição do rácio de serviços de ecossistema por pessoa e o declínio da qualidade de vida nas cidades.
“Com o projeto BIODES pretende-se demonstrar oportunidades de naturalizar as cidades e utilizar Soluções Baseadas na Natureza para enfrentar crises e desenvolver cidades mais resilientes", explica o investigador, acrescentando ainda que “a ideia é criar cidades mais sustentáveis, com bem-estar e justiça ambiental para todos".
Este projeto enquadra-se no objetivo 11, "Cidades e Comunidades Sustentáveis".

Thomas Panagopoulos é Licenciado em Engenharia Florestal, Mestre em Recursos Naturais Renováveis, Doutorado em Ciências Florestais e Ambiente Natural e é investigador do Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-estar (CinTurs) da Universidade do Algarve.