Caraterizar as mudanças paleoambientais para mitigar as alterações climáticas

O projeto PALEOCLIMOZ - Ciclos paleoclimáticos durante o Pérmico-Triásico do Supergrupo Karoo em Moçambique: implicações num mundo em mudança pretende compreender melhor a resposta natural dos ecossistemas terrestres a mudanças ambientais e climáticas abruptas que ocorreram numa altura em que o Homem ainda não existia.

Parcerias para a Implementação dos ObjetivosTrabalho digno e crescimento económicoAção Climática

 

Coordenado por Paulo Fernandes, investigador no Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve,  o projeto PALEOCLIMOZ - Ciclos paleoclimáticos durante o Pérmico-Triásico do Supergrupo Karoo em Moçambique: implicações num mundo em mudança é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Pretende compreender melhor a resposta natural dos ecossistemas terrestres a mudanças ambientais e climáticas abruptas que ocorreram numa altura em que o Homem ainda não existia, com base na aplicação de diversas metodologias, incluindo o estudo de esporos e polens de plantas fósseis.

Segundo o investigador, “o registo geológico oferece um arquivo excecional para estudar as mudanças climáticas e ambientais ao longo do tempo". Em Moçambique, refere, "quando este fazia parte do supercontinente Gondwana, depositou-se uma sucessão sedimentar e vulcânica com uma idade compreendida entre os 290 e os 200 milhões de anos". Nestas rochas, explica, "encontram-se evidências de um dos períodos mais importantes da história da Terra, o Pérmico, marcado por diversas mudanças dramáticas que afetaram profundamente a biodiversidade global, de entre as quais se conhece a maior extinção em massa conhecida em toda a história geológica, a extinção da fronteira Pérmico-Triásico (~251 M.a.)”.

Num momento em que a desflorestação em grande escala se constitui como uma ameaça aos ecossistemas globais atuais, este projeto revela-se de particular importância pois, ao caracterizar as mudanças paleoambientais ocorridas no passado, fornece informações importantes para melhorar as estratégias de mitigação, minimizando os impactos das alterações climáticas e ambientais atuais e futuras.

Segundo o investigador, “as colaborações desenvolvidas em Moçambique com empresas, elementos da Universidade Eduardo Mondlane e Serviços Geológicos contribuem para o aumento do conhecimento geológico de Moçambique, providenciando informação geológica básica e necessária para o desenvolvimento sustentável deste país, tornando-se um bom exemplo de um plano de ação que contribui para o desenvolvimento sustentável do planeta e da cooperação científica".

Desta forma, PALEOCLIMOZ insere-se no Objetivo 13 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis definidos pelas Nações Unidas para a década de 2030, "Ação Climática",  no Objetivo 8, "Trabalho digno e crescimento económico", e no Objetivo 17, "Parcerias para a implementação dos objetivos".

Paulo Fernandes

Paulo Fernandes é Licenciado em Geologia, Doutorado em Geologia, Estratigrafia e Análise de Bacias Sedimentares e é investigador do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve.