Contribuir para a sustentabilidade dos bivalves na Ria Formosa
Alexandra Cravo pertence ao Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve.
O projeto que coordena denomina-se CONPRAR - Contributo para a proteção do recurso amêijoas Ruditapes decussatus no ecossistema da Ria Formosa, é financiado pelo Programa Operacional Mar 2020 e terminará em 2021.
O projeto CONPRAR tem como principal objetivo avaliar o impacto das descargas de águas residuais urbanas na qualidade da água no sistema da Ria Formosa, especificamente na vizinhança de áreas de produção de bivalves.
A Ria Formosa apresenta serviços ecossistémicos de elevada relevância socioeconómica, ou seja, direta ou indiretamente oferece inúmeros benefícios à comunidade, constituindo-se como a principal área de produção de moluscos bivalves no País.
Para Alexandra Cravo, “a descarga de águas residuais urbanas pode diminuir a qualidade da água no sistema aquático recetor devido ao aumento de matéria orgânica e dos nutrientes inorgânicos, à redução dos níveis de oxigénio, à introdução de microrganismos patogénicos e à promoção da proliferação de microalgas potencialmente tóxicas, fatores que podem causar problemas graves de saúde pública”.
O projeto inclui amostragem e análise das áreas de influência das cinco principais Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), considerando as características químicas da água, a composição do fitoplâncton (incluindo espécies produtoras de biotoxinas) e a contaminação microbiológica de origem fecal.
Esta informação e a sua integração em modelos numéricos preditivos constituirão ferramentas de apoio à gestão e proteção deste ecossistema e, em particular, da sustentabilidade dos bivalves.
As observações e a modelação numérica do projeto permitirão ainda identificar locais e/ou períodos de menor e maior risco para o consumo de bivalves produzidos na Ria Formosa e, desta forma, orientar os produtores, consumidores e gestores ambientais. Os modelos contribuirão ainda para melhorar a resposta do sistema face a cenários futuros, permitindo antecipar consequências e mitigar efeitos.
Toda esta informação será disponibilizada numa plataforma WebSIG, que constituirá uma ferramenta de apoio à gestão e proteção deste ecossistema. No computo geral, o impacto das ações propostas pelo projeto CONPRAR permitirá contribuir para a sustentabilidade dos bivalves.
Neste contexto, o projeto considera dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que constituem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas: o Objetivo 14, "Proteger a Vida Marinha" e o Objetivo 6, "Água Potável e Saneamento".

Alexandra Cravo é Licenciada em Biologia Marinha e Pescas, Doutorada em Ciências do Mar/Oceanografia e é investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve.