Estudar a vulnerabilidade do setor da pesca em Portugal

No âmbito do projeto CLIMFISH - Fisheries Vulnerability To Climate Change, Francisco Leitão, investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), estuda a vulnerabilidade do setor da pesca em Portugal.
Produção e Consumo Sustentáveis

 

Muito se fala no efeito das alterações climáticas nas pescas, mas como se conseguem medir as suas consequências nas pescarias? No âmbito do projeto CLIMFISH - Fisheries Vulnerability To Climate Change, Francisco Leitão, investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), estuda a vulnerabilidade do setor da pesca em Portugal, tendo em linha de conta os cenários de alterações climáticas esperados para os próximos 20 a 30 anos.

O investigador procura ainda compreender de que forma é que estas alterações poderão afetar os recursos naturais (espécies) ou indiretamente a economia e a sociedade (pescadores, indústria pesqueira).

A estrutura de todas as comunidades marinhas varia no espaço e no tempo em resposta a muitos fatores físicos e biológicos. O efeito e a forma como influenciam o ecossistema marinho é uma das questões fundamentais em ecologia do ecossistema. Na opinião de Francisco Leitão "as áreas costeiras são das zonas mais produtivas do mundo e desempenham um papel crucial como viveiro para as fases larvar e juvenil de muitos peixes e invertebrados explorados na pesca".

Há uma crescente evidência de que estes fatores ambientais causam variabilidade a longo prazo e em larga escala nos stocks pesqueiros.

Segundo o investigador “até agora, estas relações ambiente-pesca têm sido pouco estudadas e até descuradas na gestão sustentável da pesca costeira”. O principal impacto do CLIMFISH será na definição de pescarias de risco e as suas implicações socioeconómicas. "Sem este conhecimento, qualquer medida que tente minorar o problema, não será completa", defende.

 “Tentamos saber se os efeitos do clima numa espécie são neutros, positivos ou negativos, procurando perceber de que forma o aumento da temperatura afeta a sua distribuição geográfica ou como as alterações da velocidade das correntes afetam a produção de pescado”, explica Francisco Leitão. O investigador explica ainda que “também estudam quais as consequências indiretas que estas mudanças terão na sociedade que depende destas pescarias (pescadores, indústria pesqueira e consumidores)”.

Este projeto poderá ajudar a definir o tipo de ação que os agentes políticos devem priorizar para uma melhor adaptação da sociedade às alterações climáticas no futuro. Segue as orientações metodológicas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, por isso, tem como base a informação e conhecimento existentes nas áreas da Ecologia, Sociologia e Economia.

Na sua opinião, "dotar os decisores políticos de ferramentas de gestão, baseadas em dados científicos, é essencial para desenvolver políticas concretas de mitigação dos efeitos climáticos nas espécies e no setor das pescas".

O projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e está em linha com os objetivos da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, pois visa a avaliação e implementação de medidas de mitigação dos efeitos das alterações climáticas nos Oceanos, Mares e recursos marinhos.

Francisco Leitão

Francisco Leitão é Licenciado em Biologia Marinha e Pescas, Mestre em Ecologia Marinha, Doutorado em Ciência e Tecnologia das Pescas, Biologia das populações e investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR).