Perceber o impacto das alterações climáticas no metabolismo secundário das plantas
As alterações climáticas são um dos maiores desafios da humanidade, e prevê-se que terão um forte impacto à escala global, sendo expectável que a região mediterrânica seja uma das mais afetadas. Inês Mansinhos é aluna do doutoramento em Ciências Biotecnológicas, está a realizar o seu projeto de investigação no Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento – MED, no Laboratório de Biotecnologia Vegetal com uma bolsa pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. A sua investigação tem como objetivo perceber qual o impacto das alterações climáticas no metabolismo secundário das plantas, mais especificamente em plantas aromáticas e medicinais da região mediterrânica.
Segundo a investigadora, “a interação química entre plantas e o seu meio ambiente é mediada pela biossíntese de metabolitos secundários, que exercem o seu papel biológico como resposta adaptativa plástica ao meio ambiente”.
Ora, a modulação do metabolismo secundário pode ser um mecanismo central adotado pelas plantas para mitigar o stress ambiental e, portanto, o perfil metabólico é visto como uma ferramenta importante para entender as respostas das plantas a tais mudanças.
Muitas espécies de plantas medicinais e aromáticas da região mediterrânica são reconhecidas por proporcionarem diversos benefícios à saúde humana, em virtude da sua riqueza em metabolitos secundários. Estes são constituintes não nutricionais da planta que afetam a qualidade das culturas através da sua influência no sabor, aparência, estabilidade e atributos promotores de saúde, incluindo atenuação de deficiências de micronutrientes e risco de doenças crónicas relacionadas com a dieta. Para Inês Mansinhos, "em termos de funções biológicas, estes metabolitos possuem uma grande diversidade de atividades, incluindo antioxidante, anti-inflamatória, antiproliferativa, antialérgica, antiviral, antibacteriana, entre outras". Além disso, refere, "tem havido uma evidência crescente de que o stresse oxidativo e determinadas patologias humanas como doenças cardíacas, diabetes e cancro podem ser prevenidas se incluirmos na nossa dieta alimentos vegetais que contenham grandes quantidades de compostos antioxidantes, como vitaminas C ou compostos fenólicos como flavonoides, taninos, cumarinas e ácidos fenólicos". Os antioxidantes da dieta podem atuar como sequestradores de radicais livres, inibidores de reações em cadeia de radicais, quelantes de metais, inibidores de enzimas oxidativas e cofatores de enzimas antioxidantes”.
Desta forma, salienta, "é importante perceber o impacto das alterações climáticas na diversidade e abundância fitoquímica de plantas do Mediterrâneo com potencial papel na saúde humana, e de que forma poderemos modular a produção destes compostos bioativos”.
Este projeto está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Proteger a Vida Terrestre”, uma vez que as plantas utilizadas em todos os estudos são produzidas recorrendo a técnicas de Biotecnologia Vegetal, o que salvaguarda a preservação do habitat natural. Para além disso, o projeto está alinhado com o objetivo “Ação Climática”, visto que contribuirá para aumentar o conhecimento sobre o impacto das alterações climáticas nas plantas.

Inês Mansinhos é Licenciada em Biotecnologia, Mestre em Bioquímica, Doutoranda em Ciências Biotecnológicas e investigadora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED).