Retirar as nanopartículas metálicas da água através de processos mais avançados
Margarida Ribau Teixeira é investigadora do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade (CENSE). Estuda os processos de tratamento existentes nas Estações de Tratamento de Água (ETA) e propõe outros processos que, juntamente com os que já existem, possam retirar as nanopartículas metálicas da água e garantir uma distribuição ou descarga seguras ou que não provoquem efeitos no ambiente. De entre os processos estudados estão a coagulação, floculação, sedimentação e flotação, adsorção por carvão ativado e processos de separação por membranas.
As mesmas propriedades que tornam as nanopartículas tão valiosas em diversas áreas, podem, como indicam diversos estudos, prejudicar o meio ambiente e a saúde humana.
Nanopartículas como as de dióxido de titânio (TiO2) têm sido amplamente aplicadas em pigmentos, corantes alimentares e cosméticos, tais como protetores solares. Uma vez que estes produtos são muito utilizados, as nanopartículas podem ser libertadas no ambiente aquático durante a produção, utilização ou como resíduos, aumentando o risco de contaminação das águas superficiais utilizadas no abastecimento humano ou para fins recreativos. As propriedades únicas das nanopartículas podem resultar no aumento da biodisponibilidade e toxicidade, tornando-se uma ameaça para o bem-estar dos organismos aquáticos e humanos. Parte do problema tem a ver com a seguinte questão: "o que é exatamente uma nanopartícula?" A definição mais usada, atualmente, estipula que uma partícula é nano se o seu diâmetro estiver entre 1 e 100 nanómetros - 1 nanómetro equivale a 1 bilionésimo de metro.
Atualmente, os tratamentos instalados nas ETA já removem parte das nanopartículas. Contudo, a parte das nanopartículas metálicas, que se dissolve, necessita de um tratamento mais avançado.
Em 2016 já se produziam cerca de 1.615.000 toneladas de nanopartículas, e até 2022 estima-se que o volume global destas substâncias produzidas/importadas na União Europeia apresente um crescimento de 20%. Segundo a investigadora, “parte destas quantidades irá parar às águas naturais, por descargas diretas ou indiretas, o que provocará danos nos ecossistemas”.
A água está no centro do desenvolvimento sustentável e diz respeito à promessa central do Objetivo 6, “Água potável e saneamento”, que defende o acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento até 2030. Assim, devem ser feitos todos esforços no sentido de garantir o acesso a água segura, controlada e de boa qualidade para toda a população. Dentro deste objetivo, o projeto pretende contribuir para a meta de “até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a libertação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo para metade a proporção de águas residuais não-tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e a reutilização, a nível global". Desta forma, também contribuirá para proteger a vida marinha (objetivo ODS 14) e a vida terrestre (objetivo ODS 15).
Margarida Ribau Teixeira considera que o fim último desta investigação “é dotar os gestores da água de ferramentas tecnológicas e de conhecimento científico, que lhes permita fazer face à presença crescente de nanopartículas, para que, desta forma, possam atuar nos seus sistemas de tratamento, melhorando a qualidade da água”.

Margarida Ribau Teixeira é Licenciada em Engenharia do Ambiente, Mestre em Engenharia Sanitária, Doutorada em Ciências do Mar, da Terra e do Ambiente, especialidade Tecnologias do Ambiente e investigadora do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade (CENSE)