Tratar águas residuais industriais com recurso a soluções baseadas na natureza

O projeto ALGAMATER surgiu para ultrapassar as dificuldades no tratamento de águas residuais industriais, particularmente em lixiviados de aterros sanitários. Baseia-se na utilização de módulos de fotobiorreatores de microalgas (Green Dune Photobioreactor), para tratamento terciário dos lixiviados, sem consumos energéticos e com grande capacidade de sequestro de carbono.

 PT_06_Água Potável e Saneamento_0.pngPT_09_Indústria, inovação e infraestruturas.pngCidades e comunidades sustentáveisAção Climática

 

O projeto ALGAMATER surgiu para ultrapassar as dificuldades no tratamento de águas residuais industriais, particularmente em lixiviados de aterros sanitários. Baseia-se na utilização de módulos de fotobiorreatores de microalgas (Green Dune Photobioreactor), para tratamento terciário dos lixiviados, sem consumos energéticos e com grande capacidade de sequestro de carbono. Segundo Manuela Moreira da Silva, investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) e coordenadora do projeto na UAlg, “se conhecermos bem os mecanismos fisiológicos das diferentes espécies (ex. microalgas), podemos utilizar Soluções Baseadas na Natureza em diversas etapas do ciclo urbano da água, nomeadamente na remoção de substâncias indesejáveis (UNESCO, 2018).

O ALGAMATER surgiu de uma parceria entre as empresas Bluemater (que coordena) e Seaproject, a Algar - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., e a Universidade do Algarve, através do Instituto Superior de Engenharia e do CIMA.

Prevê-se que em 2025 sejam produzidos à escala global 2.2 mil milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Apesar da melhoria das políticas de gestão de resíduos na União Europeia, nos últimos anos ainda não se aproveitam alguns resíduos que podiam ser utilizados como matérias-primas secundárias.

Segundo Manuela Moreira da Silva, “embora os esforços de reutilização e reciclagem tenham aumentado significativamente nas últimas duas décadas, cerca de um terço dos resíduos gerados continua a ser depositado em aterros sanitários”. Atualmente coloca-se a seguinte questão: "será possível recorrer a Soluções Baseadas na Natureza?"

Em 2018, cada cidadão Português produziu 1.38 Kg/dia de RSU. Garantir que os lixiviados dos aterros sanitário são devidamente tratados, e que não poluem os recursos hídricos naturais, é um enorme desafio tecnológico. A UAlg tem participado nestas grandes questões porque faz a monitorização ambiental dos aterros sanitários do Algarve há mais de 20 anos.

O projeto ALGAMATER junta a tecnologia de vanguarda do Demonstrador ETAR Algamater, às Soluções Baseadas na Natureza, para tratamento terciário dos lixiviados de aterros sanitários. Foram concebidos fotobiorreatores de microalgas (Green Dune Photobioreactor®), utilizados em módulos sucessivos, para tratamento dos lixiviados sem consumos energéticos e com grande capacidade de sequestro de carbono.

O sistema integrado tem uma capacidade padrão de tratamento de 150 m3/dia e está preparado para dar cumprimento aos Valores Limite de Emissão definidos na legislação em vigor na União Europeia.

O ALGAMATER contribui diretamente para o cumprimento de quatro Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: Objetivo 6, "Água Potável e Saneamento", por melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição e minimizando a descarga de poluentes para o ambiente; Objetivo 9, "Indústria, Inovação e Infraestruturas", por modernizar as infraestruturas, reabilitar as indústrias para as tornar mais sustentáveis, melhorando a eficiência no uso de recursos e adotando tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente sustentáveis; Objetivo 11, "Cidades e Comunidades Sustentáveis", por reduzir o impacte ambiental negativo per capita das cidades, prestando especial atenção à qualidade do ar e à gestão de resíduos urbanos; e Objetivo 13, "Ação Climática", por melhorar a capacidade humana e institucional para a mitigação, adaptação, e redução do impacto das alterações climáticas.

Manuela Moreira da Silva

Manuela Moreira da Silva é Licenciada em Biologia, Mestre em Ecologia Aplicada, Doutorada em Ciências e Tecnologia do Ambiente e investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA)