Melhorar a sustentabilidade de cultivos de espécies emergentes
Sofia Engrola é investigadora no Centro de Ciências do Mar (CCMAR), na Universidade do Algarve, e coordena, no CCMAR, o projeto Aquavitae, que tem como principal objetivo aumentar a sustentabilidade da aquacultura ao longo do Oceano Atlântico, através do desenvolvimento da produção de novas espécies de baixo nível trófico e da otimização da produção das cadeias de valor da aquacultura, através da integração de princípios de economia circular.
Segundo a investigadora, “o projeto Aquavitae procura aumentar a produção e melhorar a sustentabilidade de cultivos de espécies emergentes, ou seja, espécies que estão posicionadas na zona mais baixa da cadeia trófica, tais como os ouriços do mar ou os bivalves, e, em paralelo, promover uma estratégia de desperdício zero, ou seja, em que os produtos ou subprodutos de uma etapa da produção possam ser reutilizados noutra etapa”.
Por exemplo, refere Sofia Engrola, “os mexilhões produzidos em aquacultura, mas que não são comercializáveis devido ao seu pequeno tamanho, serão transformados em farinhas utilizadas depois na produção de rações para peixes”.
Segundo as estatísticas, em 2050 será necessário alimentar uma população de mais de 9 mil milhões de pessoas, estimando-se que 70% do peixe consumido será produzido em aquacultura. O desenvolvimento sustentável é, assim, uma prioridade. Neste sentido, urge desenvolver e otimizar a produção de espécies de baixo nível trófico, tais como as algas, os bivalves e os ouriços do mar, como potencial produto a ser consumido diretamente na alimentação humana ou como fonte de ingredientes de rações para aquacultura.
O projeto Aquavitae é financiado pela União Europeia, através do programa Horizonte 2020, conta com 35 parceiros, de 15 países diferentes, em três continentes, e não se cinge ao cultivo de novas espécies.
Este é um projeto mais alargado, que contempla a implementação de métodos de monitorização e de sensores na indústria da Aquacultura; a promoção da investigação na área da segurança alimentar e da nutrição; a implementação de estratégias de monitorização e de mitigação de riscos para a produção de organismos de baixo nível trófico; a análise e o desenvolvimento da rentabilidade e do impacto socioeconómico das cadeias de produção em aquacultura; e por último, visa ainda a análise de políticas de Aquacultura e Governança.
O projeto Aquavitae irá aumentar asustentabilidade da produção em Aquacultura e dos vários setores a si ligados, implementando estratégias de economia circular e de desperdício zero, contribuindo, assim, para um futuro sustentável da Humanidade.
Dado todo o leque de áreas de atuação, este projeto está alinhado com vários Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, desde acabar com a fome no mundo, até à promoção da saúde e bem-estar, passando pelo desenvolvimento da indústria, inovação e infraestruturas ou pelo desenvolvimento de políticas que fomentem a sustentabilidade da vida marinha.

Sofia Engrola é Licenciada em Biologia Marinha e Pescas, Ramo de Especialização Aquacultura, Doutorada em Nutrição em Aquacultura e é investigadora do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve.